Como é difícil aprender a fazer escolhas na vida. Parte dessa dificuldade advém de nosso processo de socialização onde toda a nossa subjetividade, enquanto seres sensoriais, é simplesmente descartada. E somos educados (ou programados como queiram) apenas com as informações de embasamento teórico ou científico. As quais nos ensinam o certo e o errado, o permitido e o proibido, o legal e o ilegal, e todas as demais antíteses que pertencem ao nosso vocabulário, para com estes exercermos as decisões que formarão a essência de nosso caráter e determinarão os rumos de nossa vida.
No entanto, o caminho de nossa existência é sinuoso e complexo, como as estradas dos velhos desenhos animados, cujo ponto de chegada é incerto e o de partida nos foge. Aonde não há margem para o joguinho de ligue os pontos aprendido na infância. Uma via que passa por cruzamentos e bifurcações. Os quais, ao invés de negociarem um caminho correto com a razão, exigem de nossas sensações e sentimentos a escolha mais sensata de qual direção seguir.
Por isso que este processo nos é tão custoso, uma vez que essa sensatez negocia diretamente com a nossa autenticidade. A qual é dependente de nossa esquecida e atrofiada subjetividade. Trata-se então, de um dilema que nos força a sair da zona de conforto das respostas prontas e invadir o terreno obscuro dos sentimentos. Formado apenas pelas experiências sensoriais que passamos ao longo da vida.
E, se estamos falando do princípio da vida, isso significa dizer que somos obrigados a extrair de um terreno vazio uma escolha na base do "se vira nos 30". Essa pressa nos causa pânico, ao mesmo tempo em que a necessidade social de tomá-la nos envergonha, pelo fato de expor aos outros a nossa imaturidade. Levando-nos ousadamente a arrancar com raiva essa escolha de nossa própria essência, com olhos apertados, pedindo a Deus que este ato seja rápido e indolor. Mas não apenas dói como cria uma ferida profunda. A qual pode até sarar antes de casar... mas sua cicatriz incomoda até nosso último respiro.
Sobre o filme
Adaptação da HQ homônima da artista francesa Julie Maroh, Azul é a cor mais quente (Le bleu est une couleur chaude), aqui no Brasil distribuída pela editora Martins Fontes - o filme mostra o drama da vida de Adèle (Adèle Exarchopoulos). Uma adolescente que inicia nessa dura fase da vida onde, nossas escolhas e renúncias passam a ter maior influência sobre nós.
No entanto, o caminho de nossa existência é sinuoso e complexo, como as estradas dos velhos desenhos animados, cujo ponto de chegada é incerto e o de partida nos foge. Aonde não há margem para o joguinho de ligue os pontos aprendido na infância. Uma via que passa por cruzamentos e bifurcações. Os quais, ao invés de negociarem um caminho correto com a razão, exigem de nossas sensações e sentimentos a escolha mais sensata de qual direção seguir.
Por isso que este processo nos é tão custoso, uma vez que essa sensatez negocia diretamente com a nossa autenticidade. A qual é dependente de nossa esquecida e atrofiada subjetividade. Trata-se então, de um dilema que nos força a sair da zona de conforto das respostas prontas e invadir o terreno obscuro dos sentimentos. Formado apenas pelas experiências sensoriais que passamos ao longo da vida.
E, se estamos falando do princípio da vida, isso significa dizer que somos obrigados a extrair de um terreno vazio uma escolha na base do "se vira nos 30". Essa pressa nos causa pânico, ao mesmo tempo em que a necessidade social de tomá-la nos envergonha, pelo fato de expor aos outros a nossa imaturidade. Levando-nos ousadamente a arrancar com raiva essa escolha de nossa própria essência, com olhos apertados, pedindo a Deus que este ato seja rápido e indolor. Mas não apenas dói como cria uma ferida profunda. A qual pode até sarar antes de casar... mas sua cicatriz incomoda até nosso último respiro.
Sobre o filme
Ilustração do primeiro encontro feita por Julie Maroh para sua HQ. |
Adaptação da HQ homônima da artista francesa Julie Maroh, Azul é a cor mais quente (Le bleu est une couleur chaude), aqui no Brasil distribuída pela editora Martins Fontes - o filme mostra o drama da vida de Adèle (Adèle Exarchopoulos). Uma adolescente que inicia nessa dura fase da vida onde, nossas escolhas e renúncias passam a ter maior influência sobre nós.
A película é extensa mas encontra boas razões para isso sob a tentativa, a meu ver extremamente bem sucedida do diretor Abdellatif Kechiche, de abranger todo o complexo que envolve as tomadas de decisões na adolescência. Abarcando pontos universais como a pressão social por um parceiro e a ausência familiar que culmina em uma referência indesejada, com sutileza e sem cometer exageros.
Mas Kechiche acerta em cheio mesmo é em captar e transmitir a riqueza dos sinais e expressões corporais que, nesta fase da vida, falam mais de nós e por nós do que as próprias palavras (detalhe para o consentimento sem uma única palavra entre as duas garotas na cena em que dão o primeiro beijo). O que nos leva também a exaltar o magnífico trabalho das atrizes pois, Léa Seydoux encarna a madura estudante de arte Emma com maestria e Adèle beira a perfeição com sua adolescente curiosa.
Adèle e toda a sua expressão corporal adolescente. |
Quanto à parte técnica, destaque para a não utilização de maquiagem, fator que contribuiu para uma maior ênfase à beleza natural dos atores, e aferir credibilidade ao universo de Adèle. O trabalho de fotografia é formidável, assim como a direção de arte e o figurino. O que justifica, com todos os méritos, a Palma de Ouro em Cannes recebida em maio deste ano.
O único ponto desfavorável a ser mencionado é a falta de uma melhor pontuação temporal no filme. Os capítulos descritos no título não são demarcados com elementos ou notas introdutórias, algo que possa deixar alguns espectadores dessituados quanto aos fatos cronológicos apresentados. Mas nada que atrapalhe sua compreensão.
Em suma, Azul é a cor mais quente é um filme maravilhoso que consegue passar a sua mensagem, pois, como a própria Adèle afirma, não adianta perdermos tempo em tentar descobrir o que precede o que: essência ou existência, o ovo ou a galinha. O que realmente nos importa de fato é viver de modo intenso e autêntico para que, no final das contas, nossa velha consciência não nos cobre. Deus, como eu amo a ousadia adolescente.
Direção: Abdellatif Kechiche
Ano: 2013
País: França
Gênero: Drama/Romance
Sinopse: Adèle (Adèle Exarchopoulos) é uma garota de 15 anos que descobre, na cor azul dos cabelos de Emma (Léa Seydoux), sua primeira paixão por outra mulher. Sem poder revelar a ninguém seus desejos, ela se entrega por completo a este amor secreto, enquanto trava uma guerra com sua família e com a moral vigente.
Ano: 2013
País: França
Gênero: Drama/Romance
Sinopse: Adèle (Adèle Exarchopoulos) é uma garota de 15 anos que descobre, na cor azul dos cabelos de Emma (Léa Seydoux), sua primeira paixão por outra mulher. Sem poder revelar a ninguém seus desejos, ela se entrega por completo a este amor secreto, enquanto trava uma guerra com sua família e com a moral vigente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário