Quem pode definir o caráter do ser humano? De acordo com os dicionários de plantão, caráter é tudo aquilo que caracteriza determinada pessoa. É o campo da mente repleto de informações particulares, que são incorporadas ao longo dos anos como verdades e inverdades por intermédio dos sentimentos e emoções por ela vivenciadas, e servem para determinar os modos como esta irá proceder (agir, pensar, etc.) enquanto indivíduo e ser social.
Só que durante este processo, os sentimentos e emoções que imprimem tais informações em nossa mente, sofrem influência direta e indireta de inúmeros fenômenos externos ao nosso domínio mental, que ocorrem constantemente em nosso cotidiano. Como, por exemplo, a perda de um emprego que, juntamente com a necessidade de se alimentar um filho, pode transformar uma pessoa aparentemente íntegra no "pilantra" do Cidade Alerta.
Isto significa que, de acordo com as tensões a que somos expostos (com exceção dos fenômenos impessoais que possuem seus próprios padrões de comportamento, como a tristeza incontrolável ao se perder um ente querido), estamos sujeitos a sofrer alterações em nosso caráter. Se não refreamos nossas emoções, podemos atropelar a tênue e sinuosa linha que separa o bom senso da má fé, e fazer coisas que até Deus duvida. Os chineses ilustram melhor essa situação com o seu conceito taoista do Yin-Yang.
Eis aí o princípio da definição, pois, o indivíduo capaz de controlar suas próprias emoções e sentimentos, e que também consegue conjecturar padrões de comportamento sobre os fenômenos pessoais, tem acesso ao domínio daquilo que chamam de inconsciente coletivo. Levando-o a um impasse entre optar ser uma pessoa verdadeira, que irá usar estas informações com inteligência em favor de um bem maior, ou um falsário, que astutamente adapta seu caráter de acordo com as circunstâncias do ambiente, manipulando as emoções, os sentimentos, as ações e até os pensamentos daqueles que estão a sua volta em seu favor.
Quem define o caráter do ser humano? Ele mesmo. Mas só pode fazer isso depois de ter conquistado seu livre arbítrio por intermédio do auto conhecimento e inteligência. Do contrário, é preso a uma existência insípida, vazia e repleta de oscilações. Como aqueles bonecos dos postos de combustível que, embora esbanjem simpatia, se movem apenas para onde o vento sopra. Situação muito pior que a do mau caráter, que não depende de ninguém para agir e pensar... Nem trapaceia a si próprio.
Sobre o filme
O filme é, de certa forma, baseado em fatos reais sobre a história de Melvin Weinberg e todo o entorno que envolveu a operação Abscam, ocorrida entre o final dos anos 70 e início dos anos 80, nos Estados Unidos. Na qual o FBI, com auxílio de um famoso trapaceiro, iniciou uma busca a traficantes e ladrões de propriedades mas, posteriormente, se converteu numa investigação de corrupção envolvendo pessoas públicas.
Um enredo interessantíssimo mas que, infelizmente, perde intensidade no roteiro do diretor David O. Russell. Preocupado em dar profundidade a trama (diversas vezes retratada no cinema em formatos mais interessantes, como no filme Nove Rainhas) Russell abandona a abordagem didática e conservadora para encher seus personagens complexos e de interesses distintos com narrativas despropositadas e diálogos desnecessários. Comprometendo a história em seus momentos cruciais.
No entanto, se por um lado o contexto deixa a desejar, a parte técnica brilha. A começar por seu renomado elenco. O grande trapaceiro em questão é interpretado por Christian Bale que, juntamente com Bradley Cooper que faz o ambicioso agente do FBI, não comprometem em seus respectivos papéis. Já Jeremy Renner não consegue imprimir a carga emocional necessária para convencer como o íntegro prefeito de Atlantic City.
Mas a cereja, ou melhor, as duas cerejas desse bolo são as atuações das atrizes Amy Adams, que esbanja maturidade e confiança na pele da talentosa articuladora e amante do trapaceiro, e Jennifer Lawrence, simplesmente perfeita no papel da conturbada esposa manipuladora do personagem vivido por Bale. Com destaque para a cena do banheiro feminino em que mulher e amante ficam frente a frente.
Só que durante este processo, os sentimentos e emoções que imprimem tais informações em nossa mente, sofrem influência direta e indireta de inúmeros fenômenos externos ao nosso domínio mental, que ocorrem constantemente em nosso cotidiano. Como, por exemplo, a perda de um emprego que, juntamente com a necessidade de se alimentar um filho, pode transformar uma pessoa aparentemente íntegra no "pilantra" do Cidade Alerta.
Isto significa que, de acordo com as tensões a que somos expostos (com exceção dos fenômenos impessoais que possuem seus próprios padrões de comportamento, como a tristeza incontrolável ao se perder um ente querido), estamos sujeitos a sofrer alterações em nosso caráter. Se não refreamos nossas emoções, podemos atropelar a tênue e sinuosa linha que separa o bom senso da má fé, e fazer coisas que até Deus duvida. Os chineses ilustram melhor essa situação com o seu conceito taoista do Yin-Yang.
Eis aí o princípio da definição, pois, o indivíduo capaz de controlar suas próprias emoções e sentimentos, e que também consegue conjecturar padrões de comportamento sobre os fenômenos pessoais, tem acesso ao domínio daquilo que chamam de inconsciente coletivo. Levando-o a um impasse entre optar ser uma pessoa verdadeira, que irá usar estas informações com inteligência em favor de um bem maior, ou um falsário, que astutamente adapta seu caráter de acordo com as circunstâncias do ambiente, manipulando as emoções, os sentimentos, as ações e até os pensamentos daqueles que estão a sua volta em seu favor.
Quem define o caráter do ser humano? Ele mesmo. Mas só pode fazer isso depois de ter conquistado seu livre arbítrio por intermédio do auto conhecimento e inteligência. Do contrário, é preso a uma existência insípida, vazia e repleta de oscilações. Como aqueles bonecos dos postos de combustível que, embora esbanjem simpatia, se movem apenas para onde o vento sopra. Situação muito pior que a do mau caráter, que não depende de ninguém para agir e pensar... Nem trapaceia a si próprio.
Sobre o filme
Incrível elenco com personagens de interesses distintos. |
O filme é, de certa forma, baseado em fatos reais sobre a história de Melvin Weinberg e todo o entorno que envolveu a operação Abscam, ocorrida entre o final dos anos 70 e início dos anos 80, nos Estados Unidos. Na qual o FBI, com auxílio de um famoso trapaceiro, iniciou uma busca a traficantes e ladrões de propriedades mas, posteriormente, se converteu numa investigação de corrupção envolvendo pessoas públicas.
Um enredo interessantíssimo mas que, infelizmente, perde intensidade no roteiro do diretor David O. Russell. Preocupado em dar profundidade a trama (diversas vezes retratada no cinema em formatos mais interessantes, como no filme Nove Rainhas) Russell abandona a abordagem didática e conservadora para encher seus personagens complexos e de interesses distintos com narrativas despropositadas e diálogos desnecessários. Comprometendo a história em seus momentos cruciais.
No entanto, se por um lado o contexto deixa a desejar, a parte técnica brilha. A começar por seu renomado elenco. O grande trapaceiro em questão é interpretado por Christian Bale que, juntamente com Bradley Cooper que faz o ambicioso agente do FBI, não comprometem em seus respectivos papéis. Já Jeremy Renner não consegue imprimir a carga emocional necessária para convencer como o íntegro prefeito de Atlantic City.
Irving explica a Richie como funciona o mundo do crime com um quadro. |
Mas a cereja, ou melhor, as duas cerejas desse bolo são as atuações das atrizes Amy Adams, que esbanja maturidade e confiança na pele da talentosa articuladora e amante do trapaceiro, e Jennifer Lawrence, simplesmente perfeita no papel da conturbada esposa manipuladora do personagem vivido por Bale. Com destaque para a cena do banheiro feminino em que mulher e amante ficam frente a frente.
Outro primor dessa película é a questão do figurino do estilista e designer de moda Michael Wilkinson. Dos penteados aos adereços, dos atores principais aos figurantes, tudo funciona perfeitamente para pontuar a época em que a história em questão acontece. Bem como a espetacular trilha sonora que leva o espectador a revisitar aos anos dourados das discotecas.
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Título Original: American Hustle
Direção: David O. Russel
Ano: 2013
País: Estados Unidos
Gênero: Drama/Suspense
Sinopse: Irving Rosenfeld (Christian Bale) é um trapaceiro que trabalha com a amante Sydnei Prosser (Amy Adams). São forçados a colaborar com um agente do FBI (Bradley Cooper), se infiltrando na máfia. O trio se envolve com o político Carmine Polito (Jeremy Renner). Os planos dão certo, até a esposa de Irwing, Rosalyn (Jennifer Lawrence) mudar o jogo.
Ano: 2013
País: Estados Unidos
Gênero: Drama/Suspense
Sinopse: Irving Rosenfeld (Christian Bale) é um trapaceiro que trabalha com a amante Sydnei Prosser (Amy Adams). São forçados a colaborar com um agente do FBI (Bradley Cooper), se infiltrando na máfia. O trio se envolve com o político Carmine Polito (Jeremy Renner). Os planos dão certo, até a esposa de Irwing, Rosalyn (Jennifer Lawrence) mudar o jogo.
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